Bateria de gelatina que pode ser usada em implantes no corpo é desenvolvida em São Carlos


Coordenador de pesquisa na USP afirma que bateria é mais segura e menos tóxica do que tradicionais, feitas de prata ou lítio. Projeto contou com parceria da Universidade de Harvard. Pesquisadores de São Carlos desenvolvem bateria de gelatina para equipamentos médicos Pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, em parceria com a Universidade de Harvard, desenvolveram uma microbateria feita de gelatina que pode ser usada em dispositivos médicos que são implantados no corpo humano. Do tamanho de um marshmallow, ela gera até 0,75 volts e pode ser digerida pelo organizamo caso se rompa, além de poder ser descartada sem prejuízo ao meio ambiente. Segundo Frank Crespilho, professor do instituto e coordenador do estudo, a bateria é inédita, mais segura e menos tóxica que as tradicionais, feitas de prata ou lítio. A doutoranda do IQSC e uma das autoras do projeto, Graziela Sedenho, passou um ano em Harvard colaborando com pesquisadores norte-americanos para desenvolver o dispositivo. Aplicações e vantagens O dispositivo pode ser utilizado, por exemplo, em pílulas para exames de endoscopia e microchips que detectam bactérias e monitoram os níveis de glicose no sangue. Frank Crespilho, professor do instituto de química e coordenador do estudo na USP em São Carlos Reprodução/EPTV De acordo com Crespilho, as baterias tradicionais são boas, porém, trazem riscos aos pacientes. "Elas produzem muita eletricidade, mas tem o problema do descarte e da segurança. Elas são corrosivas e podem até causar pequenas explosões", disse o professor ao G1. Crespilho explicou que a bateria feita com gelatina é mais segura por utilizar compostos químicos que já existem na natureza. Segundo ele, isso também faz com que o dispositivo seja mais sustentável, por ser descartável ou reciclável, e menos nocivo ao organismo dos pacientes. Bateria a base de gelatina desenvolvida por pesquisadores da USP de São Carlos (SP) cabe na ponta do dedo e gera até 0,75 volts. Paulo Chiari/EPTV Funcionamento Os cientistas investigaram duas moléculas eletroquimicamente ativas que fossem compostas por carbono, nitrogênio e oxigênio. Segundo o coordenador do estudo, esses são os elementos mais abundantes do planeta Terra. "Nós utilizamos uma molécula orgânica e uma molécula organometálica, que tem um íon de ferro na sua estrutura. São moléculas que não causariam danos à saúde humana", explicou Graziela à EPTV, afiliada da TV Globo. Essas moléculas foram sintetizadas em parceria com os pesquisadores norte-americanos de Harvard. Após serem inseridas na gelatina, elas passaram a reagir e gerar eletricidade. A doutoranda do IQSC e uma das autoras do projeto, Graziela Sedenho Reprodução/EPTV O funcionamento do dispositivo, segundo Crespilho, segue a mesma lógica de uma bateria convencional. "Para manter a estrutura dessa bateria, é preciso que esses compostos estejam localizados no polo positivo e no polo negativo. Para mantê-los posicionados, nós utilizamos a gelatina", disse professor. Revestido de silicone, o dispositivo é feito a base de agarose, que é a gelatina vegetal natural. "Usando essa gelatina, é possível ter todos os componentes da bateria sustentáveis", disse o coordenador. Bateria desenvolvida por pesquisadores da USP de São Carlos (SP) é feita a base de agarose, que é a gelatina vegetal natural. Paulo Chiari/EPTV Próximos passos No futuro, a ideia é que a bateria possa ser aplicada em equipamentos considerados maiores, como marca-passos. Segundo Crespilho, a bateria está pronta para ser fabricada. "No caso dos dispositivos biomédicos, como as pílulas ingeríveis, ou sistemas implantados, que estão começando surgir agora, nós poderíamos utilizar essas baterias para alimentar esses biodispositivos", afirma. Atualmente, o professor disse que o grupo de pesquisadores está avaliando possibilidades de parcerias com empresas do ramo para lançar o produto no mercado. O resultados do projeto foram publicados no Journal of Materials Chemestry A, uma revista britânica da área de energia. A pesquisa também contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Veja mais notícias da região no G1 São Carlos e Araraquara.

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