Hospitais privados acionam comitês para lidar com paralisação; maioria diz que medidas são preventivas
Hospitais fretam avião e contratam veículos a gás para buscar insumos. Avaliação de estoque é feita atentamente e alguns trabalham com planos de contingenciamento como prevenção. Instituições contatadas pelo G1 estão garantindo atendimento. Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, contratou veículos a gás para buscar materiais Divulgação Alguns dos hospitais que assinalaram para a possibilidade do atendimento não ser garantido a partir de segunda-feira (28) relataram continuidade no atendimento, mesmo com a falta de combustível. Alguns estão acompanhando a situação; outros acionaram planos de contigenciamento -- com acompanhamento atento de estoque e priorização de emergências. Há os que chegaram a fretar avião, fazer compras emergenciais e contratar veículos particulares a gás para a compra de materiais. As instituições informam que reuniões são feitas diariamente e comitês foram acionados para uma eventual crise mais grave de abastecimento. O G1 conversou com alguns hospitais em São Paulo, Brasília, Bahia, Porto Alegre e Rio de Janeiro para avaliar como as instituições estão lidando com esse momento. O A.C. Camargo Cancer Center, referência para o tratamento do câncer em São Paulo, informa que as reuniões diárias do comitê gestor feitas no hospital passaram a incluir uma avaliação atenta de potenciais efeitos da paralisação. O hospital diz ainda que há reservas consideráveis de medicamentos e de materiais e que o estoque é suficiente para toda essa semana. Sobre o acesso de pacientes à instituição, o hospital informa que as estações de metrô têm contribuído para o acesso. Já o Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, acionou um comitê de crise para lidar com um possível desabastecimento e a orientação foi o de privilegiar atendimentos de emergência e urgência. A instituição informa que não chegou a faltar insumos propriamente, e que a decisão foi mais uma precaução: "estamos preservando os recursos disponíveis para situações de maior gravidade", informaram. Em Porto Alegre, o Hospital Moinhos de Vento está atuando com plano de contigenciamento -- com um olhar mais atentando sobre os materiais utilizados. A instituição informa que os atendimentos ambulatoriais, consultórios, prontoatendimentos e cirurgias estão mantidos. O hospital reforça, no entanto, "a expectativa e a necessidade de retomada da livre circulação e abastecimento no estado e no país" -- Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre). O Hospital Infantil Sabará, referência no atendimento infantil em São Paulo, diz que tem uma equipe formada por lideranças para a avaliação de qualquer situação que saia da normalidade. "Nessa semana, devido à greve, o comitê tem se reunido diariamente", disse a instituiçao em nota. "Temos reservas técnicas para três dias em termos gerais. O abastecimento está sendo regularizado lentamente e contratamos transporte particular a gás para buscar medicamentos e materiais hospitalares" -- Hospital Infantil Sabará (São Paulo) A instituição informa ainda que quando a fábrica ou distribuidora está localizada em outro estado, o transporte de alguns medicamentos ocorre por via aérea (comercial) e a retirada acontece no aeroporto com transporte próprio ou contratado. O hospital diz que não há problemas de absenteísmo de funcionários porque o acesso é feito pelo metrô. O Hospital de Brasília, no Distrito Federal, diz que também está trabalhando com plano de contigenciamento -- com atenção detalhada sobre todos os materiais utilizados. Reuniões são feitas diariamente e, por enquanto, todos os serviços estão mantidos, inclusive os transplantes. O hospital informa que, nessas reuniões, é feito todo o levantamento do material utilizado no hospital e esse dado é confrontado com as cirurgias marcadas e demandas de novos pacientes. "Chegamos a fretar um avião para buscar medicamentos. Gases medicinais como o oxigênio estão chegando, mas não o gás de cozinha, que parou na estrada. Fizemos compras emergenciais de medicamentos que antes vinham de outros estados em Brasília" -- Hospital de Brasília (DF). Já o Sírio-Libanês, em São Paulo, informa que diariamente o hospital analisa a situação e a paralisação foi levantada em reuniões -- o hospital informa, entretanto, que nenhuma medida específica foi tomada em relação à greve e que a situação está normalizada por enquanto. Em Salvador, o Hospital da Bahia diz que está trabalhando com uma margem de segurança em relação aos materiais, com uma análise atenta de todas as demandas. "Estamos trabalhando com todos os insumos necessários e contando com o apoio inestimável de nossos fornecedores", disseram. A instituição diz que comitês de avaliação estão em contato com os demais hospitais de Salvador para qualquer eventualidade. Manifestação de entidades Desde o começo da paralisação de caminhonheiros na quarta-feira (23), muitas entidades de saúde têm manifestado preocupações com a garantia do atendimento, com o medo de que começasse a faltar medicamentos. A Abrafarma (Associação Brasileira de Farmácias) divulgou que havia problemas de abastecimento com medicamentos. Outras entidades, como a Confederação Nacional de Saúde, levantou questões sobre equipamentos de laboratório que funcionam a Diesel. "Estamos preocupados com a situação do desabastecimento de insumos, de materiais hospitalares e, também, de mão-de-obra, ou seja, a presença física dos funcionários nos hospitais", disse Luiz Aramicy Pinto, presidente da Federação Brasileira de Hospitais, na sexta-feira (25).
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