2019: o ano da Lua!


Sim, você leu certo. Não, você não está lendo sobre astrologia ou outra bobagem exotérica qualquer! É que se tudo sair como previsto, 2019 será o ano da reconquista da Lua. Claro que vamos ouvir muito sobre as missões espaciais ativas, principalmente a recém chegada InSight. Qualquer tremorzinho de terra que ela registrar em Marte vai virar notícia, como já foram os sons do vento marciano, algum tempo atrás. A OSIRIS-REx mapeando o asteroide Bennu para recolher uma amostra de sua superfície em 2020 e, sobretudo, a Hayabusa-2 e seus jipinhos saltitantes vão dar muitas manchetes em 2019. Mas pelo que eu tenho lido por aí, o ano deverá ser realmente focado na volta à Lua. Chang'e 4 Divulgação Em primeiro lugar, temos a China e seu programa Chang’e de 3 etapas. A agência espacial chinesa (CNSA, na sigla em inglês) vem desenvolvendo seu programa de pousar na Lua já há mais de uma década. Cada etapa do programa tem por objetivo desenvolver e testar a tecnologia necessária para desenvolver o passo seguinte em direção à Lua. Na primeira etapa a China tratou de construir orbitadores, as Chang’e 1 e 2, dominando as técnicas de lançamento e estabilização de órbitas. Em seguida, com o lançamento da Chang’e 3 desenvolveu um módulo de pouso que carregava um pequeno jipe lunar, o Yutu, e com a Chang’e 4 pretende fazer o mesmo, mas no lado oculto da Lua, onde ninguém se atreveu a pousar até hoje. A terceira etapa, com as Chang’e 5 e 6 a China pretende, a partir de 2020 não só pousar na Lua, como também recolher amostras de solo e trazê-las para análise na Terra. Detalhe: a Chang’e 6 deve fazer isso trazendo uma amostra do lado oculto. A missão Chang’e 4 começou em 20 de maio de 2018, com o lançamento de um satélite destinado a fazer a ligação entre o módulo de pouso e a base na Terra, além de 2 microsatélites (um deles falhou) em órbita baixa para fotografar a superfície da Lua em detalhes. Em meados de dezembro a sonda partiu com destino à cratera Von Kármán, localizada na maior, mais profunda e antiga estrutura de impacto da Lua e o pouso deve ocorrer na primeira semana de 2019. Já a Chang’e 5 está programada para ser lançada no final de 2019. O programa espacial chinês é de tirar o fôlego e certamente vai preparar o país para um salto ainda mais ambicioso, uma missão tripulada! Para nós entusiastas, o difícil é acompanhar os desdobramentos deste programa, uma vez que a China não é lá muito de propagandear suas missões. Além da China, quem está se preparando para pousar na Lua em 2019 é a Índia. Seguindo seu bem-sucedido programa espacial, que contabiliza 50 lançamentos sem falhas nos últimos 3 anos, a agência espacial da Índia (INSRO em inglês) pretende pousar a sonda Chandrayaan-2 no polo sul lunar. Além do módulo de pouso chamado Vikram, a Chandrayaan-2 vai levar também um jipe para investigar a possibilidade de haver gelo na sombra de crateras. Chandrayaan 2 Divulgação Se encontrar informações sobre o programa lunar da China é difícil, encontrar informações sobre a Chandrayaan-2 é uma aventura. Não há sites oficiais e as informações disponíveis vêm de portais de notícias e elas são confusas. O lançamento da sonda foi adiado algumas vezes e finalmente foi anunciado que ele deve acontecer na janela de oportunidades que se inicia logo no dia 3 de janeiro de 2019 e vai até a metade de março, mas a meta é dia 03 mesmo. O índice de sucesso do programa espacial indiano é impressionante, o que nos dá boas esperanças da missão ser bem-sucedida. Lembra da Missão Orbitadora de Marte (MOM) lançada em novembro de 2013? Logo na primeira tentativa a Índia conseguiu colocar um satélite em Marte, enquanto a taxa histórica de sucesso em missões semelhantes é de 40%. Só que portais de notícia informaram que a razão dos atrasos foi a necessidade de reestruturar a missão para acomodar uma carga maior. Programas espaciais não costumam aceitar improvisos, nem tampouco reestruturações feitas às pressas. Mas eu prefiro ser otimista e acredito que em meados de fevereiro, se o lançamento for realmente dia 03 de janeiro, teremos um jipe indiano passeando pelo polo sul lunar. Além das duas missões acima temos, pelo menos anunciado, o pouso de outras 4 missões. Você está estranhando de repente 4 missões em vias de serem lançadas e de pousarem na Lua. Tem toda a razão, mas como frisado no começo do parágrafo, são por enquanto anúncios. Mas a história é a seguinte. Lá em 2007, a gigante Google lançou o Google X-Prize que iria premiar com 30 milhões de dólares a primeira missão privada que conseguisse pousar na Lua, viajar pelo menos 500 metros (voando ou pela superfície) e mandasse fotos e vídeos em alta definição. O prazo máximo para isso acontecer teve sucessivos atrasos e se encerrará em 2018 sem nenhum vencedor. Acontece que a organização manteve a premiação, que no total deve distribuir 30 milhões de dólares sem prazo definido. Quem chegar primeiro leva 20 milhões, o segundo leva 5 milhões e o resto será distribuído em bônus por inovações tecnológicas e por incentivo à diversidade nas equipes. Então o que deve acontecer em 2019 é que finalmente os voos planejados e desenvolvidos ao longo dos últimos 11 anos devem finalmente sair dos laboratórios. Dos 34 inscritos inicialmente, a lista fechou em 5 que garantiram ter um contrato assinado com alguma empresa que possa fornecer um foguete capaz de lançar o módulo. E dos 5 finalistas, dois vão compartilhar o mesmo veículo lançador. Os projetos são: Moon Express (EUA) que usará um módulo de pouso chamado Lunar Scout. Sinergy Moon (internacional) composto por um módulo de pouso que pegará carona com o módulo indiano e um jipe chamado Tesla. Hakuto (Japão) que será um módulo de pouso que também pegará carona com a missão indiana e um jipe chamado Sorato. Team SpaceIL (Israel), módulo de pouso Sparrow. Team Indus (Índia), módulo de pouso HHK e um jipe de nome ECA. Dessas missões todas, a mais próxima de voar de fato é a missão israelense Team SpaceIL que tem contrato firmado com a SpaceX usando um Falcon 9 como veículo lançador. Só podemos esperar e torcer para ver isso acontecer! SpaceIL Divulgação Se tudo correr como planejado (e como queremos!) a movimentação para a Lua estará intensa em 2019, lembrando bastante a década de 1960 quando a Lua foi conquistada. As sucessivas missões de reconhecimento e pouso, controlado ou não, culminaram com o pouso da Apollo 11 em 1969. Pode apostar, na década que se iniciará em 2020 finalmente veremos gente caminhando na Lua e, quem sabe, o início da construção de uma base. Feliz 2019!

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