Assédio sexual: os relatos das profissionais de saúde molestadas por pacientes


Desabafo de médica canadense nas redes sociais, incentiva debate e outros relatos de profissionais de saúde sobre assédio de pacientes. Médicas relatam assédio sofridos Pixabay Irritada com o assédio sexual que sofre há anos dos pacientes, uma médica canadense resolveu desabafar nas redes sociais. "Não comente nos meus perfis profissionais nas redes sociais sobre como você me acha atraente ou gostosa", afirmou no fórum online Reddit. "Eu só quero ir trabalhar e, no pior dos casos, lidar com o assédio de sempre, mas o sexual não dá mais." Sua postagem, em que diz amar seu trabalho, mas não conseguir se livrar do assédio sexual, rendeu milhares de comentários, que incluíam dicas, conselhos e relatos semelhantes. "É exaustivo. Eu sou sua médica e preciso me aproximar de você para fazer meu trabalho e garantir que você esteja saudável. Não me pergunte se essa é a parte do exame em que transaremos, não me adicione em rede social, não me mande mensagem dizendo que quer me conhecer melhor", escreveu ela. A BBC decidiu entrevistar duas profissionais da área de saúde que responderam ao post para entender as situações pelas quais passam e como reagem. Medo e repugnância Jennifer, uma técnica de laboratório que vive nos Estados Unidos, realiza testes e usa amostras de sangue de pacientes. Ela afirmou à BBC que, ao longo de 12 anos trabalhando em um hospital, foi abordada por muitos pacientes do sexo masculino que eram "geralmente idosos ou bêbados". "Eles costumam ficar encarando meus seios. Um homem bêbado fez isso na emergência, em frente a um policial, enquanto estava algemado." Jennifer diz que considerar seu trabalho incrivelmente gratificante e adorar ajudar as pessoas, mas ela tem tanto medo quanto repugnância por parte do comportamento que teve que aguentar de seus pacientes. "Um paciente agarrou meus seios com tanta força que me machucou", disse ela. "A maioria deles alegou que não sabia o que estava fazendo enquanto sorria e olhava para os meus seios." Ela afirma não sentir falta de coletar sangue de pacientes por causa de todos aqueles "homens velhos que fingiam ter demência para tentar escapar impunes do assédio". 'Não sei se seria capaz de me controlar' Lesley, médica da família que trabalha em clínicas e hospitais em Alberta (Canadá), considera seu trabalho muito gratificante, mas à BBC afirmou sofrer "quase todos os dias, graus variados de comportamento impróprio tanto de pacientes quanto colegas de trabalho". Um dos comentários mais abusivos que Lesley recebeu foi de um homem mais velho que lhe disse que "essas suas pernas são fantásticas. Se eu fosse um homem mais jovem que eu não sei se seria capaz de me controlar." Falta de apoio Como muitos pacientes podem ter de fato demência, problemas neurológicos ou estar sob medicação pesada, a técnica de laboratório Jennifer afirmou à BBC que não há muito a ser feito para lidar com o comportamento inadequado dos pacientes. Ela critica, no entanto, a falta de apoio de seus pares e superiores. "Um gestor disse que lamentava que isso acontecesse, mas não havia nada que eles pudessem fazer sobre isso. 'É apenas parte do trabalho', disse." Uma solução encontrada foi designar uma equipe formada apenas por homens para coletar sangue desses pacientes, mas Jennifer afirma que nem sempre há um homem disponível em todos os turnos de trabalhos. "Legalmente, não poderíamos nos recusar a fornecer atendimento", disse ela. "E nada mais foi feito." O que é possível fazer no dia a dia? Para Jennifer, a solução é se impor e chamar ajuda. "Faça contato visual e fale em alto e bom som para tirar a mão de seu corpo. Isso gera duas coisas. A primeira é que você mostra ao paciente que não aceitará passivamente o abuso. Segundo, vai alertar seus colegas de trabalho que você precisa de ajuda." Ela afirma que é importante tentar manter a calma, na medida do possível, e não deixar que a situação tome grandes proporções. De certa modo, Lesley afirma que passou anos e anos de carreira até conseguir se portar desse jeito. "Mas eu ainda me sinto desprezível."

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