Pular o café da manhã pode matar?
Estudo publicado neste mês pela sociedade americana de cardiologia relaciona o risco de doença cardiovascular à falta de hábito para a primeira refeição do dia. Pesquisa analisou 6.550 adultos com idades dentre 40 e 75 anos sobre a frequência com que tomavam café da manhã. Pixabay O café da manhã é internacionalmente reconhecido como a refeição mais importante do dia. Um estudo divulgado na semana passada pelo American College of Cardiology, associação médica que se dedica a doenças cardiovasculares nos EUA, afirma que o café da manhã pode também salvar vidas. Pular a primeira refeição do dia está associado a um maior risco de morte por doenças cardiovasculares, afirmam os pesquisadores. A pesquisa envolveu uma equipe de médicos e pesquisadores de diferentes universidades dos EUA. Eles analisaram uma mostra de 6.550 adultos com idades entre 40 e 75 anos, que participaram de uma pesquisa nacional de saúde e nutrição entre 1988 e 1994. Os participantes informaram a frequência com que tomavam café da manhã. De um modo geral, 5% dos participantes disseram que nunca tomavam café da manhã, cerca de 11% deles afirmaram que raramente comiam pela manhã e 25% disseram que consumiam café da manhã de forma intermitente. Os pesquisadores, então, analisaram os registros de morte dessas pessoas até 2011 - 2.318 participantes do estudo tinham morrido - e procuraram por associações entre o consumo de café da manhã e mortalidade. Depois de avaliar outros fatores de risco como fumo ou obesidade, os pesquisadores descobriram que 87% dos que pulavam o café da manhã tinham maior probabilidade de morrer de doença cardiovascular. Risco de morte é maior entre os que não tomam café da manhã Ressalvas ao estudo Pesquisas médicas já haviam indicado, anteriormente, que pular o café da manhã tinha impacto negativo na nossa saúde. Mas cientistas continuam procurando entender as possíveis relações entre não fazer essa refeição e ter algum problema de saúde. Ao comentar a pesquisa da associação americana de cardiologia, o NHS, o serviço público de saúde do Reino Unido, foi categórico em dizer que o estudo "não é capaz de provar que não comer café da manhã é causa direta de morte por doença cardiovascular". "Pessoas que não tomam café da manhã (no estudo) tinham mais chances de ser ex-fumantes, consumidores pesados de álcool, sedentários, com uma alimentação pobre e de baixo status socioeconômico do que os que tomavam café da manhã", diz uma resenha publicada no site do NHS, destacando os fatores aumento o risco de doenças cardiovasculares. "O estudo só teve uma avaliação única do café da manhã, que pode não refletir hábitos ao longo da vida. Também não explica o que o café da manhã significa para pessoas diferentes", diz o texto do NHS. "Por exemplo, muitas pessoas tomam café da manhã todos os dias, mas pode ter uma variação enorme entre quem come algo saudável às 8h e quem come um sanduíche de bacon ou uma barrinha de cereal açucarada no fim da manhã." Beber suco de fruta é realmente saudável? De qualquer forma, Wei Bao, professor assistente de epidemiologia da Universidade do Iowa e um dos autores da pesquisa, sai em defesa das descobertas do estudo. "Muitos estudos têm mostrado que pular o café da manhã está relacionado com alto risco de ter diabetes, hipertensão ou colesterol alto", diz Bao. "Nosso estudo indica que tomar café da manhã pode ser uma forma simples de promover a saúde cardiovascular", completa o professor. Bao e seus colegas também escreveram no artigo sobre a pesquisa que as associações entre o consumo de café da manhã e o risco de doença cardíaca "eram significativas e independentes do nível socioeconômico, do índice de massa corporal e dos fatores de risco cardiovascular". "Até onde sabemos, esta é a primeira análise prospectiva (que avalia) pular o café da manhã e o risco de mortalidade por doença cardiovascular", observaram os pesquisadores. Mudanças no hábito alimentar ajudam a viver melhor Os problemas cardiovasculares - especialmente o infarto e o acidente vascular cerebral - são a principal causa de morte no mundo, tendo sido responsáveis por um total de 15,2 milhões de mortes em 2016, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
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