Cientistas da USP criam cobaias geneticamente modificadas para estudar câncer raro em humanos


Pesquisa de Ribeirão Preto (SP) em parceria com a Universidade Harvard busca tratamento para tumores nas glândulas suprarrenais. Testes em pacientes ainda não começaram. USP em Ribeirão Preto cria camundongo geneticamente modificado para estudar câncer Em parceria com a Universidade Harvard, nos Estados Unidos, cientistas da USP em Ribeirão Preto (SP) conseguiram reproduzir camundongos geneticamente modificados para estudar formas de combater o câncer do córtex adrenal, um dos mais raros e agressivos no mundo. A doença atinge principalmente crianças e jovens com até 15 anos de idade, e mulheres. O tumor aumenta a produção de hormônios, causando ganho de peso, retenção de líquidos, puberdade precoce e crescimento excessivo de pelos faciais ou corporais. “As opções de terapia para esse tipo de paciente são muito limitadas. A maioria dos pacientes acaba evoluindo a óbito e a necessidade de novas formas de tratamento é urgente para esse grupo de indivíduos”, explica o biomédico e pesquisador Kleiton Silva Borges. O córtex adrenal é a camada externa das glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins e responsáveis pela fabricação de hormônios essenciais para o funcionamento do organismo. Quando a doença é diagnosticada em estágio inicial, a cirurgia é o tratamento padrão. Camundongo desenvolvido pela USP em Ribeirão Preto e pela Universidade Harvard Ronaldo Gomes/EPTV Entretanto, apesar da remoção total do tumor, o prognóstico nem sempre é positivo devido à alta incidência de metástases. O câncer nessa região é raro, cerca de 0,2 e 0,4 casos a cada 1 milhão de pessoas. Entretanto, nas regiões Sul e Sudeste do país, o índice é maior. Pesquisas feitas pela USP e pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) já apontaram que a incidência da doença é quase dez vezes maior nos estados de São Paulo e Paraná, chegando a 3 ou 4 casos diagnosticados a cada 1 milhão de pessoas. “O Brasil é o país do mundo com mais casos de tumor do córtex adrenal. A partir do momento em que a gente tem um modelo para estudar, pode desenvolver novos tipos de tratamento, tanto para pacientes adultos, quanto para pacientes pediátricos”, diz Borges. Câncer do córtex adrenal é raro e atinge principalmente crianças e mulheres Arte/EPTV O biomédico afirma que o estudo é inédito no mundo: a partir de mutações genéticas, os cientistas conseguiram reproduzir camundongos que desenvolvem o câncer de córtex adrenal com características muito semelhantes ao diagnosticado em humanos. “A partir de agora, que a gente tem um modelo, que a gente chama de modelo in vivo, é possível estudar novas formas de diagnóstico e, o mais importante, novas formas de tratamento para esse tipo de tumor, que é extremamente agressivo”, diz. Borges detalha que os camundongos são acompanhados dia a dia, desde o nascimento. Os pesquisadores realizam testes moleculares para entender a biologia do tumor e buscar formas de tratamento. Não há previsão de início dos testes em humanos. “O próximo passo é caracterizar o sistema imune desse camundongo”, explica. “Agora, a gente vai buscar formas para ativar o sistema imune, para que ele possa atacar o tumor e sugerir formas de tratamento para os pacientes”, completa. Camundongos são usados em pesquisa na USP em Ribeirão Preto Ronaldo Gomes/EPTV Veja mais notícias da região no G1 Ribeirão Preto e Franca

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