Consumo regular de frutas e hortaliças é menor na população negra, diz Ministério da Saúde
Pesquisa da pasta entrevistou, por telefone, 50 mil pessoas em todas as capitais do país. Dados mostram que menos de 1/3 da população consome frutas e hortaliças na frequência recomendada pela OMS. Pesquisa mostra que brasileiros consomem menos frutas e hortaliças do que o recomendado pela OMS Celso Tavares/G1 O consumo regular de frutas e hortaliças é 33% menor na população negra em relação a branca. Enquanto 39% dos brancos consomem esses alimentos pelo menos cinco dias da semana, o percentual é de apenas 29% na população negra. O baixo consumo de alimentos in natura é um fator de risco para diversas doenças crônicas, segundo o Ministério da Saúde. O dado é da pesquisa Vigitel 2018 - População Negra, que analisou hábitos da população em 26 capitais e no Distrito Federal no ano passado por meio de entrevistas telefônicas. "Essa diferença pode ocorrer devido à desigualdade de acesso a alimentos saudáveis por parte da população negra. Os alimentos ultraprocessados como macarrão instantâneo, refrigerantes são mais baratos do que os alimentos in natura", explica Silvânia Andrade, do departamento de Ações Programáticas Estratégicas (Dapes) do ministério. Índice de suicídio entre jovens e adolescentes negros cresce e é 45% maior do que entre brancos Além do consumo menor na população negra, a pesquisa revelou ainda que menos de 1/3 da população consome frutas e hortaliças na frequência ideal. O percentual de pessoas que consome pelo menos cinco porções diárias desse tipo de alimento, como recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é de 27% na população branca e 20% na população negra. A frequência de adultos negros que consomem cinco ou mais porções diárias de frutas e hortaliças variou de 14,4% em Macapá a 32,2% em Florianópolis. No conjunto das 27 cidades analisadas, a frequência de consumo recomendado de frutas e hortaliças foi menor entre homens (16%) do que entre mulheres (24%). A frequência do consumo recomendado tendeu a aumentar com a idade entre mulheres, até os 64 anos, mas não houve um padrão uniforme de variação com a idade no caso dos homens. Em ambos os sexos, o consumo aumentou conforme o nível de escolaridade. Subsídios para alimentos in natura Para Silvânia Andrade, do Ministério da Saúde, o consumo abaixo da média na população negra também se justifica pela rotina deste grupo. "O ato de cozinhar requer tempo e a população negra está inserida em contextos de jornada de trabalho e empregos que exigem mais força física e mais intensidade em termos de carga horária e maior tempo de deslocamento para o trabalho, e portanto resultam em mais desgaste e estresse", explica. "Logo, o tempo de preparo da alimentação torna-se reduzido e os alimentos saudáveis que requerem cozimento são substituídos por opções industrializadas mais práticas e mais baratas." Para a especialista, subsídios podem ajudar a popularizar o acesso a alimentos in natura. "O que pode ser feito é ampliar o acesso a alimentos mais saudáveis por meio de subsídios para redução do preço, além de estimular a produção e comércio local próximo às residências e locais de trabalho da população negra, incentivar políticas de oferta de alimentação saudável nos ambientes de trabalho, evoluir nas políticas de taxação de alimentos ultraprocessados e na revisão da regulamentação da política de rotulagem nutricional", completa.
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