Denúncias judiciais nos EUA contra o agrotóxico glifosato da Bayer passam de 40 mil


Empresa alemã foi condenada três vezes na Califórnia por denúncias de pessoas afetadas por câncer. O glifosato é um dos herbicidas mais usados no mundo Benoit Tessier/File Photo/Reuters A Bayer enfrenta 42.700 ações judiciais nos Estados Unidos pelos problemas de saúde supostamente provocados pelo glifosato, o herbicida mais utilizado do mundo, comercializado por sua subsidiária Monsanto, anunciou nesta quarta-feira (30) o grupo farmacêutico e agroquímico alemão. Por que a produção de alimentos depende tanto de agrotóxicos? O número de denúncias, atualizado até 11 de outubro passado e divulgado nesta quarta-feira, representa um aumento significativo em comparação com os 18.400 processos de julho e os 5.000 anunciados em abril. A Bayer explica este aumento pelas campanhas televisivas nos Estados Unidos buscando denunciantes, mas afirma que "o número de processos não quer dizer que sejam admissíveis", afirmou o diretor do grupo, Werner Baumann, em uma conferência telefônica. Até agora a Bayer foi condenada três vezes na Califórnia por denúncias de pessoas afetadas por câncer, embora a quantia total das indenizações tenha sido significativamente reduzida em instâncias superiores. As apelações estão previstas para o ano que vem e um juiz federal da Califórnia ordenou um processo de mediação para que os litígios possam ser resolvidos sem necessidade de longos julgamentos. No entanto Baumann indicou nesta quarta-feira que a Bayer "só aceitará o resultado da mediação se fizer sentido economicamente" e se esta permitir "acabar" com o caso. "Acredito que só um pequeno número de denunciantes receberá uma indenização", em particular nos casos em que exista uma relação causal direta entre o câncer e o glifosato, disse à AFP Markus Mayer, um analista do Baader Bank. Meyer calculou em julho que um acordo poderia custar à Bayer entre US$ 15 e 20 bilhões. O grupo continua negando sua responsabilidade nos casos e lembra que desde que o glifosato começou a ser comercializado, nos anos 1970, nenhuma agência reguladora no mundo determinou que o herbicida é perigoso para a saúde. No ano passado, a Bayer fez a maior operação de sua história, com a compra da Monsanto por US$ 63 bilhões, uma aposta de futuro pelo setor agroquímico em um contexto de mudança climática. Mas desde então o grupo alemão enfrenta a má reputação da Monsanto, tanto por suas sementes geneticamente modificadas como por seus pesticidas - como o conhecido Roundup, à base de glifosato, alvo de processos judiciais e de debate político em ambos os países. O Centro Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc, sigla em inglês), vinculado à Organização Mundial da Saúde, afirmou em 2015 que o glifosato era "provavelmente cancerígeno". No entanto, trata-se de uma avaliação genérica do risco do produto e não de seus efeitos tendo em conta a exposição a doses normais. Paralelamente, a Bayer confirmou nesta quarta-feira seus objetivos de resultado anuais "apesar de uma queda das previsões de crescimento" da economia mundial. O faturamento aumentou 5,4%, até 9,8 bilhões de euros, e o resultado operativo (sem elementos excepcionais) aumentou 7,5%, até 2,3 bilhões de euros. O lucro líquido caiu 64% no terceiro trimestre de 2019. No mesmo período de 2018 havia aumentado consideravelmente, mas apenas devido à venda de várias atividades. Para 2019 a Bayer prevê um faturamento de cerca de 43,5 bilhões de euros.

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