Pesquisadoras da UFU desenvolvem novas formas de combate ao tipo mais agressivo de câncer de mama


Duas pesquisas utilizam proteínas retiradas do veneno de cobras. Já a outra utiliza drogas sintéticas. Pesquisadoras da UFU estudam há oito anos novas formas de tratamento para o câncer de mama Reprodução/TV Integração Três pesquisadoras da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) estudam há oito anos novas formas de tratamento para o tipo mais agressivo de câncer de mama. Duas pesquisas utilizam proteínas retiradas do veneno de cobras e a outra utiliza drogas sintéticas para o combate do câncer triplo negativo. Segundo a pesquisadora e doutoranda em genética bioquímica Denise Guimarães, o triplo negativo é o tipo de câncer de mama mais agressivo. “Trata-se de um câncer bastante agressivo. Geralmente ele acomete mulheres na faixa mais jovem. Quanto mais jovem a mulher, mais agressivo se torna o tumor. E a nossa busca é que encontremos uma molécula que seja direcionada especificamente pra esse tipo”, informou Guimarães. A pesquisa desenvolvida pela doutora em genética bioquímica Fernanda Van Peten, utiliza proteínas retiradas do veneno de cobras jararacas. “Nós testamos e depois essa mesma proteína foi colocada no que a gente chama de ‘in vivo’ nos animais, mostrando uma seletividade para esse tipo de câncer. Então, posterior a todo esse resultado positivo, onde a gente consegue observar toda uma via já desenhada, nós agora trabalhamos com moléculas altamente específicas e selecionadas para o câncer de mama”, explicou. Prêmio O trabalho de inibição de metástases desenvolvido por Fernanda recebeu em 2019, o prêmio de melhor doutorado do Instituto Butantã. “Essa molécula atua especificamente nesses genes metastáticos, então, ela é capaz de inativar esses genes, tornando possível a inibição da metástase”, disse ela. A estimativa é de que os resultados da pesquisa estejam no mercado em até dez anos e possam ajudar no tratamento de aproximadamente 60 mil novos casos descobertos no Brasil anualmente. O mastologista Juliano Cunha reforçou a importância das pesquisas, mas lembrou que algumas ações cotidianas podem diminuir em mais de 30% o risco de câncer de mama. “A obesidade, o tabagismo e o etilismo aumentam o risco pro câncer de mama. A partir do momento que a gente assume uma postura de atividade física, redução dos vícios, controle do peso, uma melhor qualidade da nossa alimentação, nós estamos reduzindo o risco de câncer de mama e de outras doenças em até mais de 30%”, afirmou o mastologista. O médico lembrou, ainda, que o diagnóstico precoce aumenta muito as chances de cura. “O diagnóstico precoce faz com que nós tenhamos dados e resultados muitos melhores em relação ao tratamento do câncer de mama. Os casos iniciais têm taxa de cura de cerca de 95%”, completou. Busca pessoal Para a pesquisadora Denise Guimarães, a busca por novos tratamentos vai além do trabalho acadêmico. Em 2014, ela foi diagnosticada com câncer de mama e passou por cirurgia, quimioterapia e todos os protocolos de tratamento. Após o tratamento, a pesquisadora retomou o trabalho no laboratório com mais motivação. “Foi uma coisa que me deu um estímulo a mais pra que eu voltasse agora e retomasse a pesquisa para buscar um alívio pra quem sofre dessa doença”, comentou. Após o tratamento, a pesquisadora retomou o trabalho no laboratório com mais motivação. Reprodução/TV Integração Drogas Sintéticas Já a pesquisa desenvolvida pela doutora em genética Mariana Zóia utiliza drogas sintéticas. “Essas drogas são desenvolvidas no laboratório de nanobiotecnologia. Fiz uma parte desse trabalho também na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. São drogas sintéticas que desenvolvemos pra conseguir tratar esse tipo de tumor agressivo. Nós já testamos em células, portanto, o tratamento in vitro foi bastante eficaz, aumentou a morte celular e reduziu a capacidade agressiva dessa célula e partimos para os testes ‘in vivo’ em dois tipos de animais e o próximo objetivo é fazer o teste em pacientes”, disse. Mariana ainda desenvolve outra pesquisa com uma droga que já existe no mercado. A droga foi desenvolvida para outra doença, mas os testes no tratamento do câncer de mama já começaram.

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