Queimadas na Amazônia levam mais de 30 mil crianças a hospitais por problemas respiratórios, diz Fiocruz


Internações de crianças dobraram nos nove estados da Amazônia Legal; levantamento alerta para aumento de mortes por complicações respiratórias decorrentes de queimadas. Queimadas em Rondônia; queimadas na Amazônia; incêndios na Amazônia MP-RO/Divulgação/Arquivo Dobrou o número de internações de crianças com problemas respiratórios nos nove estados que fazem parte da Amazônia Legal. De janeiro a junho deste ano, o SUS registrou 30.546 hospitalizações –aproximadamente 5 mil por mês – enquanto o esperado para o período era pouco mais de 2,5 mil. O balanço foi publicado nesta quarta-feira (2) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que destacou o aumento em aproximadamente 100 municípios da região Amazônica afetados pela fumaça das queimadas. “Crianças são mais sensíveis a fatores externos, como a poluição”, disse por meio de nota um dos autores da pesquisa, Christovam Barcellos. “Seu sistema imunológico ainda está em desenvolvimento e o aparelho respiratório, em formação. São mais suscetíveis a alergias”. Áreas mais afetadas O levantamento destaca os estados do Pará, Rondônia, Maranhão e Mato Grosso como mais vulneráveis a este problema e aponta um aumento nas mortes de crianças por complicações respiratórias em cinco estados da região. Fumaça de queimadas pode causar danos no DNA e morte das células dos pulmões, diz pesquisa Focos de queimadas caem em setembro na Amazônia e sobem no Cerrado, Pantanal, Pampa e Mata Atlântica Os pesquisadores dizem que em alguns municípios as internações quintuplicaram. Foi o caso de Santo Antônio do Tauá, Ourilândia do Norte e Bannach, no Pará; Santa Luzia d'Oeste, em Rondônia; e Comodoro, no Mato Grosso. Foco que queimada é visto às margens da BR-174, em Pacaraima, no extremo Norte de Roraima Alan Chaves/G1 RR/Arquivo Roraima apresentou o maior aumento nos casos de morte. Em 2018, o estado registrou 1.427 mortes a cada 100 mil crianças, número que neste ano foi de 2.398. A pesquisa alerta que viver em uma cidade próxima aos focos de incêndio pode aumentar em até 36% o risco de internação por problemas respiratórios. De acordo com a fundação, as queimadas deste ano acarretaram em um custo excedente de R$ 1,5 milhão ao Sistema Único de Saúde (SUS). População indígena O estudo chama a atenção para o fato de que as populações indígenas são vulneráveis a esta poluição do ar, entretanto, reconhece que não seja possível ainda avaliar a incidência de doenças nessas áreas. Registros de satélite utilizados pela equipe de pesquisa denunciam que focos de calor estão nas bordas de terras indígenas. De acordo com o estudo, estas desempenham um papel de proteção contra queimadas e desmatamento na região amazônica. “As queimadas na Amazônia representam um grande risco à saúde da população”, ressalta o estudo. “Os poluentes emitidos por estas queimadas podem ser transportados a grande distância, alcançando cidades distantes dos focos de queimadas." Os pesquisadores explicam que estes dados são preliminares, e que ainda pode aumentar quando todas as internações do período sejam adicionadas ao sistema. Queimadas na terra indígena Uru Eu Wau Wau Reprodução/TV Globo/Arquivo Fumaça vai além O chamado “material particulado”, resíduo tóxico gerado por queima, pode alcançar grandes cidades a centenas de quilômetros dos focos de queimadas, devido ao transporte de poluentes pelos ventos, diz a pesquisa. É o caso de quando o dia virou noite em São Paulo em agosto desse ano, o fenômeno estava relacionado à chegada de uma frente fria e também de partículas oriundas da fumaça produzida em incêndios florestais. O estudo alerta que os poluentes liberados pelas queimadas podem causar o agravamento doenças cardíacas, inflamação das vias aéreas, alterações no sistema circulatório, no sistema nervoso e até mesmo danos ao DNA, com potencial cancerígeno. Initial plugin text

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