Em 2020 não estarei velha para...
A idade não precisa ser uma barreira para fazer amigos, exercitar-se ou aprender algo novo Às vezes uma vozinha impertinente sussurra em nossos ouvidos que já estamos muito velhos para fazer algo. Pular de paraquedas, por exemplo? Na verdade, isso não me apetecia nem quando eu tinha 20 anos, mas com boa vontade, imaginação e um tanto de adaptação, quase tudo é possível. De acordo com a revista “The Economist”, 2020 marca o início da década dos “yold”, uma junção das palavras “young” (jovem) e “old” (velho). Se fôssemos inventar algo semelhante em português, seria “jovelho”... Céticos, acreditem: há coisas para as quais nunca envelhecemos. Para começar, fazer amigos. Se não ampliamos o leque de conhecidos, quase sempre é por inapetência nossa, porque preferimos não sair da “bolha” que construímos para interagir o mínimo com as pessoas. Tampouco estaremos velhos para diferentes modalidades de exercício. O fato de não termos a mesma força ou agilidade não só não impede, como deveria nos estimular a buscar outras formas de nos manter em movimento. Aproveite para fazer amigos em aulas de alongamento, ginástica, ioga, o que for. Um corpo em forma adoece menos. A escritora Virginia Ironside: uma crítica da autocensura na velhice Divulgação Também não estaremos velhos para turbinar o cérebro. Encare aprender como uma diversão que vai lhe render dividendos – não necessariamente monetários, mas de habilidades. Que tal aumentar seu domínio sobre tecnologia, aplicativos, internet? Sou neta de costureira e sempre namoro a ideia de fazer pelo menos calças de pijama bem transadas, para mim e para dar de presente. Quem sabe me animo ano que vem? E qual vai ser sua “brincadeira” em 2020? Na contramão dos ajuizados, uma dose de hedonismo. É o que propõe a escritora Virginia Ironside, autora de mais de 20 livros, entre eles “No thanks! I’m quite happy standing!” (em tradução livre, “Não, obrigada, estou muito bem de pé!”). Em artigo para o jornal britânico “The Guardian”, escreveu sobre a atriz June Brown, de 92 anos, que diz não ter a mais remota intenção de deixar de beber e fumar, uma vez que, pelo curso natural da natureza, não lhe resta muito tempo e não pretende ser tutelada na reta final de sua vida. Virginia, que tem 75 anos, apoia. Afirma que não suporta visitar “gente de meia-idade que me oferece comida saudável”. E atiça: “será que acham que com esses hábitos vão viver para sempre?”. Ela chegou a encenar um espetáculo de stand-up sobre as limitações impostas aos idosos e diz que as pessoas se autocensuram e acabam vivendo uma existência aquém do que deveriam. É uma boa polêmica. Nas resoluções para o Ano Novo, repense sua lista porque, com certeza, você não estará tão velho ou velha que não possa dar uma incrementada nela.
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