Da guerra dos videogames à busca por alienígenas, no que ficar de olho em 2020
No ano em que teremos Olimpíada de Tóquio e eleições presidenciais nos EUA, em que outros assuntos devemos ficar de olho? Ano novo Getty Images Um novo ano e uma nova década começam neste dia 1º de janeiro — e as previsões já estão a todo vapor. Mas o que será manchete em 2020? Esta é a nossa seleção de pessoas e acontecimentos que prometem se destacar. Destaques em 2020 Getty Images A outra eleição americana Ainda é cedo para fazer apostas sobre a eleição presidencial dos Estados Unidos, no final do ano. Afinal, o atual líder da Casa Branca, o republicano Donald Trump, está em pleno processo de impeachment, e o Partido Democrata ainda não escolheu seu candidato. O líder do Senado Mitch McConnell é um dos republicanos que sairão candidatos na eleição de 2020 Getty Images Mas na mesma eleição, no dia 3 de novembro, os americanos também renovarão parte do Senado. O controle da Câmara torna a vida mais fácil — ou muito, muito mais difícil — para presidentes, já que o Senado tem a palavra final em questões como agenda legislativa, orçamento e nomeações no Judiciário. Atualmente, os republicanos detêm 53 dos 100 assentos, mas o partido de Trump terá de defender 23 deles na eleição, em comparação com 12 dos Democratas, que já têm o controle da Câmara dos Representantes. Trump pode garantir uma reeleição, mas se perder o Senado, sua vida ficará bem mais difícil. Uma nova Primavera Árabe? Os protestos no mundo árabe vão ganhar força em 2020? Getty Images Protestos abalaram Iraque, Egito e Líbano na segunda metade de 2019 (e impactaram Sudão e Argélia no primeiro semestre), o que levou comentaristas a cogitarem uma nova "Primavera Árabe", como ficou conhecida a onda de revoltas que se espalharam por vários países árabes em 2011. "Os quatro países que presenciaram ondas de protestos em 2019 foram Argélia, Sudão, Iraque e Líbano — países que ficaram de fora da 'Primavera Árabe' em 2011", diz Dalia Ghanem, pesquisadora do Carnegie Middle East Center, em Beirute. "Essa é uma nova era de descontentamento", diz Ghanem. Ishac Diwan, especialista em assuntos do Mundo Árabe e professor na PSL University em Paris, acha que, em 2020, "essa onda de descontentamento público provavelmente vai engolir outros países". "A principal diferença em relação à primeira onda em 2011 está nas condições econômicas", diz ele. "O crescimento diminuiu, as dívidas públicas têm aumentado e o desemprego ficou maior." "Entretanto, ainda que essa ânsia por dignidade tenha alimentado as revoltas anteriores (2011), os protestos de hoje são mais impulsionados pela fome." Tem alguém aí? O telescópio espacial Cheops fará observações mais sofisticadas de 400-500 exoplanetas nos próximos três anos EUROPEAN SPACE AGENCY A existência de planetas fora do Sistema Solar não é novidade — mais de 4 mil foram descobertos desde os anos 1990. Mas o lançamento do telescópio espacial Cheops, no dia 18 de dezembro, deu início a uma nova era no estudo desses objetos: a nave da Agência Espacial Europeia fará observações mais sofisticadas de 400-500 deles nos próximos três anos. O Cheops fará observações de diversas características dos planetas para determinar "objetos promissores" para a próxima geração de equipamentos, que inclui o telescópio espacial James Webb (JWST), com lançamento previsto para 2021. Uma eleição acompanhada de perto por Pequim Tsai segue rumo a uma vitória que não será bem recebida em Pequim Getty Images Depois de acompanhar meses de protestos em Hong Kong, a China poderá ter um novo pepino nas mãos nesse começo de ano. Taiwan é vista pelo governo chinês como uma província rebelde, mas que, na prática, seguiu seu próprio rumo — independente de Pequim — desde que os comunistas assumiram o poder na China, depois da Segunda Guerra Mundial. E Taiwan terá eleições presidenciais no dia 11 de janeiro. A probabilidade de que haja más notícias para Pequim é grande: as pesquisas sugerem a reeleição do presidente Tsai Ing-wen. O Partido Democrático Progressista, de Tsai, tem grande apelo nacionalista e pró-independência, que ficou ainda mais forte com a repressão aos protestos de Hong Kong. Nas últimas pesquisas, publicadas em 17 de dezembro, Tsai saiu na frente de seu principal oponente, Han Kuo-yu (considerado como "pró-Pequim"), com uma vantagem de 38 pontos percentuais. Os leões africanos prestes a rugir No dia 30 de maio de 2019, foi ratificada a Área de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA), que, em número de países (54) é a maior área de livre comércio do planeta. Ela tem sido descrita como "marco político, econômico e diplomático" que irá "promover crescimento do continente". O Fundo Monetário Internacional calculou que o acordo comercial geraria um crescimento generalizado no continente de 2 a 4%. O livre comércio começará em julho e espera-se que ele estimule os negócios entre países africanos: exportações entre nações do continente representaram menos de 20% do comércio total em 2018, muito menos do que com a Ásia (59%) e Europa (69%). Jovens podem surpreender na Olimpíada Os Jogos Olímpicos já tiveram uma boa leva de jovens prodígios. A mergulhadora americana Marjorie Gestring tinha apenas 13 anos quando ganhou a medalha de ouro em Berlim, em 1936, e se tornou a mais jovem campeã olímpica — ainda que se cogite que um menino desconhecido, com idade entre 7 a 10 anos, tenha ajudado o time de remo holandês a ganhar o ouro nas Olimpíadas de Paris em 1900. Mas com a estreia de esportes "radicais" como surf, skate e escalada (além de karatê e beisebol), os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020 prometem surpreender com a presença de atletas bem jovens nos pódios. Uma das promessas é a skatista britânica Sky Brown, de apenas 11 anos, que levou a medalha de bronze no campeonato mundial em setembro passado. Outra é a paulista Pâmela Rosa, de 20 anos, uma das melhores do mundo na categoria street. A malária aparecerá em mais países? Nove países devem se livrar da malária em 2020 Getty Images A malária, doença transmitida por um mosquito, matou mais de 405 mil pessoas em 2018, entre os 228 milhões de casos registrados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A boa notícia é que o número de casos tem diminuído globalmente e nove países devem erradicar a doença em 2020. China está prestes a se tornar um deles. A nação mais populosa da Terra chegou a ter uma estimativa de 30 milhões de casos e 300 mil mortes ao ano devido à malária. Irã, Belize, El Salvador, Suriname, Cabo Verde, Butão, Timor Leste e Malásia também integram a lista. A OMS reconhece que 38 países erradicaram a doença, entre os 91 localizados em regiões consideradas em risco. Super-mulheres chegam aos cinemas O filme sobre a personagem Arlequina deve ser um dos blockbusters de 2020 WARNER BROS. ENTERTAINMENT Hollywood tem uma longa lista de lançamentos para 2020, mas um aspecto se destaca: os filmes protagonizados por super-heroínas. Além do novo filme da Mulher Maravilha, haverá o primeiro filme da Viúva Negra, personagem interpretada por Scarlett Johansson na franquia Os Vingadores. Os vilões também têm seu lugar ao sol: o filme sobre as "origens" do Coringa brilhou em 2019, e 2020 será o ano da Arlequina, seu par e cúmplice. Um espião de volta 'pela última vez' O filme `No Time To Die` será o último da franquia de James Bond interpretado por Daniel Craig Getty Images No Time To Die é o 25º filme do espião James Bond que integra o cânone da franquia — há outros três que não são considerados "oficiais" — e marcará a saída do ator britânico Daniel Craig do papel. Há muitas especulações sobre o próximo a interpretar o famoso agente secreto, especialmente porque, no filme, Craig interpreta uma versão aposentada de Bond que encara, entre outros adversários, uma nova agente "00". Efeito Greta aumentará as viagens 'lentas' Vá devagar em 2020 Getty Images O "slow travel" surgiu há alguns anos com a ideia de privilegiar explorações e conexões mais profundas em detrimento de visitas rápidas e rasteiras. Entretanto, o lema "trens, em vez de aviões" ganhou nova força depois de a jovem ativista Greta Thunberg adotá-lo como parte de sua campanha por ações contra as mudanças climáticas. Para reduzir sua pegada de carbono, ela optou por jornadas mais longas de trem, em vez de aviões, e chegou a velejar para atravessar o Atlântico rumo a um evento das Nações Unidas em Nova York. Ainda que outros viajantes possam não ir tão longe, o "slow travel" aparece como uma das principais tendências para 2020, de acordo com membros da indústria do turismo, como a Associação de Agentes de Viagem Britânicos (ABTA). O futuro é o VSCO Initial plugin text A jovem americana Emma Marie, de 15 anos, é um dos expoentes da cultura VSCO, uma tendência que se espalhou pela internet — seu canal no YouTube tem mais de um milhão de seguidores. A VSCO é uma subcultura adolescente descontraída com opções de moda informais e tendências "verdes". O nome vem de um aplicativo de edição e compartilhamento de imagens, que ajudou, graças ao uso de filtros, a definir o que o New York Times chamou de "estética descontraída e vagamente ambientalista". Um sinal de que não se trata de uma fama passageira está em como a VSCO tem afetado negócios: pesquisas nos Estados Unidos mostraram uma queda de 21% nos gastos com maquiagens por adolescentes em 2019. A ascensão de Billie Eilish Muitos questionaram a ausência do grupo pop coreano BTS na lista dos indicados ao 62º Grammy, anunciada em novembro. Os exponentes do K-Pop não apareceram em nenhuma categoria, apesar de quebrar inúmeros recordes na indústria musical. Essa polêmica eclipsou brevemente a chuva de indicações de Billie Eilish. A cantora e compositora americana, de 17 anos, recebeu nomeações para todos os principais prêmios — incluindo melhor música do ano, álbum do ano e melhor artista revelação. Em 2020, ela embarca para sua primeira turnê mundial: serão 42 shows em três continentes. Guerra dos consoles Prepare o bolso: 2020 será o ano em que Sony e Microsoft lançarão seus novos consoles. O PS5 da Sony e o Xbox Project Scarlett da Microsoft serão lançados no fim do ano com a promessa de novos níveis de jogos, especialmente em termos de efeitos gráficos. Ambos os produtos estão mantidos sob sete chaves, mas especialistas da indústria de jogos especulam que cada um custará em torno de US$ 500. A Microsoft tenta combater a dominância da Sony: até outubro de 2019, o PS4 da Sony havia vendido 100 milhões de unidades mundialmente, mais do que o dobro do total alcançado pela Microsoft com um produto equivalente, o Xbox One (43 milhões), de acordo com os dados da consultoria VG Chartz.
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