'Falta de ar deve chamar atenção', diz David Uip; médico em isolamento por Covid-19 explica os sintomas


Coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, Uip afirma que a doença, causada pelo novo coronavírus, é uma 'gripe seca', e que a febre nem sempre é um dos sintomas. O médico David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus do governo do estado de São Paulo, em coletiva de imprensa no dia 17 de março em São Paulo. Governo do Estado de São Paulo O médico David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, enviou um áudio a amigos na sexta-feira (27) e o conteúdo fez que o arquivo circulasse entre médicos: na mensagem, Uip pede atenção à falta de ar como principal sintoma de Covid-19, a doença causada pelo coronavírus Sars-Cov-2. Uip está em isolamento domiciliar desde que foi diagnosticado com a doença, na segunda-feira (23). "O que deve chamar a atenção de qualquer um, que deve procurar imediatamente o serviço de saúde: é a falta de ar. Aumenta o número de respirações, diminui a amplitude", destacou Uip. "Então isto é um motivo de procura imediata do serviço de saúde - mais do que a febre. A febre já não está tão recorrente como em outros processos virais. O sintoma de agravo e de ida imediata ao sistema de saúde é o desconforto, a insuficiência respiratória", disse Uip. Ele também definiu os sintomas como os de uma "gripe seca", e disse que a febre nem sempre aparece. "Os sintomas são curiosos, eu estou definindo como uma gripe seca. Eu pouco espirrei, não tenho coriza. São fatos novos, do tipo: mudou meu olfato, mudou meu paladar; são dois sintomas novos que eu já vinha vendo nos meus pacientes, agora tô sentindo isso no dia a dia. A febre já não está tão recorrente como em outros processos virais", afirmou Uip. Cansaço e medo O médico diz estar bem em seu 5º dia de isolamento. "A sensação é de que eu estou cansado, mas não tenho tido febre, não tenho tido tosse", diz Uip. O médico declarou ainda que a intenção da mensagem não era gerar medo, mas que ele próprio teve que lidar com temores em relação à doença. "Eu tive medo. Eu acho que, como qualquer outra pessoa, eu tive medo. Mas acho que eu controlei este meu medo de duas formas: uma, com fé. E a outra, paz na alma. Eu acho que ainda tenho uma missão para cumprir, eu acho que preciso voltar a trabalhar e eu acredito que as pessoas podem ajudar umas às outras. É sofrido? É sofrido. É doído? É doído. Mas nós vamos em frente", disse. Pedido para população: distanciamento social Uip também comenta que acredita que o pico da pandemia deve ocorrer durante o mês de abril e maio. "Teremos grandes dificuldades - tanto pro sistema público como privado de saúde", alerta. "Se nós conseguirmos, através de distanciamento das pessoas, achatar a curva de ascensão, nós teremos menos infectados, menos impacto no serviço de saúde. Se as pessoas não entenderem que esse confinamento nesse momento é importante, nós vamos ter uma subida rápida do pico de doentes e isso vai ter repercussão em todo o sistema. Não tem sistema do mundo que aguente o pico de ascensão de uma pandemia, ainda mais para um vírus que é infectante." - David Uip Uip também é diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, da USP. No mesmo dia em que ele foi diagnosticado com a doença, o governador de São Paulo, João Doria, e o prefeito da capital paulista, Bruno Covas, também foram testados, mas os resultados de ambos foram negativos. Tire suas dúvidas sobre os sintomas do coronavírus Médico David Uip está infectado com coronavírus Initial plugin text

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