Como a solidão afeta a saúde no fim da vida


Pesquisa mostra que quem se sente só tem mais chances de precisar de cuidados intensivos O afastamento social durante a pandemia do novo coronavírus tem afetado todas as faixas etárias e seus efeitos ainda vão merecer muitas análises. A longo prazo, as consequências da solidão e do isolamento marcam negativamente os indivíduos, como mostra estudo feito com norte-americanos acima dos 50 anos que morreram entre 2004 e 2014. Os indivíduos que se caracterizavam como solitários apresentavam sintomas de enfermidades mais severos e tinham que receber um volume maior de cuidados intensivos no fim da vida se comparados com os demais. Todos haviam respondido ao questionário da escala de solidão criado pela Universidade da Califórnia em Los Angeles: trata-se de um conjunto de 20 perguntas para medir como a pessoa se avalia em relação a este sentimento. Solidão: pesquisa mostra efeito negativo nos indivíduos Mariza Tavares Num total de 2.896 participantes, um terço sofria com o problema. Além dos cuidados intensivos, esse contingente tinha maior probabilidade de ter que usar equipamento de suporte de vida nos dois últimos anos: 35,5% contra 29,4% dos não solitários. A pesquisa foi publicada no “Journal of the American Geriatrics Society” no começo de março. “A solidão é um fenômeno social pervasivo com implicações profundas para a saúde e o bem-estar de adultos mais velhos, particularmente no fim da vida”, afirmou o autor do estudo, o médico Nauzley Abedini, da Universidade de Michigan. “Temos que fazer mais, como provedores de cuidados de saúde mas também como sociedade”, completou. Os seres humanos são criaturas que vivem em sociedade, em permanente interação, mas essa dinâmica vai se modificando com o passar do tempo. Um outro trabalho, realizado pela Universidade da Califórnia de San Diego, buscou mapear as características que os idosos solitários têm em comum. “A solidão rivaliza com o fumo e a obesidade como fator de impacto para a longevidade”, disse Dilip V. Jesteq, professor de psiquiatria e neurociências na universidade. “Já se tornou uma questão de saúde pública”, acrescentou. O estudo que ele liderou foi publicado na edição de janeiro da revista científica “Aging and Mental Health” e se baseou em entrevistas com pessoas entre 67 e 92 anos. Eram indivíduos independentes, mas viviam numa comunidade para idosos e 85% relataram solidão de moderada a severa. Três tópicos que emergiram das conversas podem se tornar frentes de ação para lidar com o problema. A primeira questão era relacionada ao peso que as perdas, de cônjuges, amigos e parentes, representam na velhice. A segunda é a sensação de falta de propósito, que leva à perda do senso de pertencimento e a um estado de desesperança. Por último, os pesquisadores observaram que sabedoria e compaixão funcionavam como um poderoso antídoto contra a solidão. Idosos proativos, que se propunham a ajudar os outros ou que aceitavam as limitações do envelhecimento, conseguiam lidar melhor com a situação.

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