Médico alerta para a necessidade de suplementação de vitamina D na quarentena


Pessoas não pegam sol durante o confinamento, aumentando o risco de insuficiência vitamínica. Sedentarismo pode agravar a perda de massa óssea O isolamento social é o meio mais eficiente para se proteger do novo coronavírus, mas o confinamento produz efeitos colaterais que podem trazer riscos à saúde. A maioria acaba não pegando sol, o que afeta a produção da vitamina D, ativada através da exposição aos raios solares na pele. Para quem sofre de osteopenia ou osteoporose, o problema é maior: além da falta de vitamina, o sedentarismo da quarentena pode agravar a perda de massa óssea e acarretar também um enfraquecimento muscular. Para o ortopedista geriátrico Francisco Paranhos, doutor em endocrinologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisador clínico do Serviço de Endocrinologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, e vice-presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo, diante deste cenário, os médicos se preocupam com a ocorrência de quedas e fraturas. O ortopedista geriátrico Francisco Paranhos, vice-presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo Acervo pessoal Durante o período de quarentena, sem a exposição solar, a suplementação de vitamina D é benéfica para todos, ele explica: “a vitamina D tem um papel relevante na ação esquelética, porque atua na função muscular e no metabolismo do cálcio, preservando a massa óssea e reduzindo o risco de quedas e fraturas. Mas os benefícios da vitamina D não param por aí. Existem muitas evidências científicas sobre suas ações extra-esqueléticas, como, por exemplo, na modulação imunológica, na defesa antimicrobiana, na ação anti-inflamatória e anticâncer, na função neuroprotetora e nos benefícios cardíacos”. Acrescenta que o tempo de exposição ao sol varia de acordo com a latitude, a estação do ano e cor da pele, entre outros fatores. Estar distante da linha do equador, ou nos meses frios do ano, ou ainda ter o tom de pele mais escuro ativa menos a formação da vitamina D. O melhor sol é o da faixa entre 12h e 15h, mas é preciso usar o bom senso e evitar os excessos e queimaduras. “Ninguém deve se expor ao risco de um câncer de pele. Indivíduos de pele clara deveriam pegar de 15 a 20 minutos de sol, pelo menos de três a quatro vezes na semana, expondo partes do corpo como pernas, braços, abdômen e costas, sem a necessidade de ficarem vermelhos ou bronzeados. As pessoas de pele negra necessitam de um tempo um pouco maior, até 30 minutos, pois a melanina, pigmento da pele, é um filtro solar natural”, complementa. Outros fatores podem diminuir a ativação da vitamina D, como o envelhecimento da pele, o uso de roupas compridas ou de filtros solares, a poluição e a exposição solar através do vidro da janela. Um filtro solar de fator de proteção 30 inibe a ativação da vitamina D de 95% a 99%. Muitas das vezes, apesar de o idoso se expor ao sol, o envelhecimento faz com que a pele perca eficiência como “sensor” para produzir vitamina D, aumentando a necessidade de uma suplementação via oral. O doutor Paranhos citou o professor Giancarlo Iasaia, pesquisador da Universidade de Turim, na Itália, que observou que os pacientes graves infectados pelo novo coronavírus tinham uma grande prevalência de insuficiência vitamínica D. Os dados preliminares da pesquisa não testaram a administração de vitamina D para melhorar a evolução desses doentes, mas o professor apontou a necessidade de corrigir essa deficiência. Por isso, ele diz que, considerando a falta de exposição solar na atual quarentena e a chegada do período de frio e com menor insolação, há uma grande chance de desenvolvermos uma insuficiência vitamínica D. Os adultos jovens podem se beneficiar com a suplementação de doses de mil unidades diárias, enquanto os idosos precisariam de 2 mil unidades. Como se trata de uma vitamina lipossolúvel, que se acumula no organismo, as doses podem ser ministradas semanalmente ou até mensalmente. Por último, lembra que a osteoporose é uma doença silenciosa e acomete tanto mulheres quanto homens. Nas mulheres é mais precoce, dada a perda do hormônio sexual feminino, o estrogênio, por volta dos 45 aos 50 anos de idade, quando ocorre a menopausa. Nos homens, a andropausa, a falta da testosterona, o hormônio sexual masculino, se dá depois dos 60 anos. Em ambos os gêneros, a perda dos respectivos hormônios leva a um aumento da reabsorção e do enfraquecimento dos ossos, isto é, o envelhecimento é um fator de risco para desenvolver osteoporose e sofrer fraturas. Um alerta: de 40% a 50% das mulheres e 25% dos homens acima dos 50 anos sofrerão pelo menos uma fratura osteoporótica ao longo de suas vidas. A de quadril é a mais temida, pois tem uma taxa de mortalidade de 20% a 30% num primeiro ano após o episódio, além das sequelas físicas que produz.

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