Pouco conhecida, doença pulmonar afeta parte da população e aumenta grupo vulnerável ao coronavírus
Comum entre os brasileiros, apenas 12% dos casos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica são diagnosticados no país. Acostumados a tosse e dificuldade para respirar, pacientes de DPOC podem não perceber que estão com Covid-19. Reprodução em plástico do pulmão Robina Weermeijer/Unsplash Pessoas com doenças respiratórias crônicas, como bronquite ou asma, estão entre os grupos mais vulneráveis ao novo coronavírus, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma vez que a infecção causada pelo vírus ataca principalmente o sistema respiratório. Dentre as doenças respiratórias crônicas, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, DPOC, chama a atenção dos especialistas no Brasil neste momento de pandemia por causa do baixo diagnóstico da doença: apenas 12% dos casos de DPOC no país são diagnosticados. Apesar da baixa identificação da doença, pelo menos 6 milhões de pessoas tem DPOC no Brasil, de acordo com estimativa da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Entre os poucos diagnosticados, somente 18% seguem o tratamento médico. Por mais da metade desses doentes crônicos pulmonares nem saberem que tem a doença, a SBPT alerta que essas pessoas podem não se considerar grupo de risco ao coronavírus, não tomando os devidos cuidados de isolamento social. Além disso, por estarem acostumados a tossir e ter dificuldade para respirar no seu dia a dia, a Sociedade salienta que portadores de DPOC podem não identificar que estão com Covid-19, uma vez que a infecção causa sintomas parecidos. Diretor científico da SBPT, o médico pneumologista José Antônio Baddini Martinez alerta que o contrário também pode acontecer. “Os médicos devem ter cuidado para não classificar erroneamente como Covid-19 um caso grave de DPOC não diagnosticado”, diz. Por que quem tem doenças respiratórias crônicas está entre os mais vulneráveis ao coronavírus? Pacientes com DPOC, especialmente os mais graves, “exibem uma menor reserva respiratória por causa da lesão pulmonar ocasionada pela doença”, explica Martinez. Como o novo coronavírus ataca os pulmões, “pessoas com DPOC vão ter mais dificuldades em tolerar uma segunda agressão pulmonar causada pela Covid-19”, podendo resultar em morte. Para os casos já diagnosticados, o pneumologista afirma que o melhor conselho aos pacientes com DPOC nessa época de pandemia é: “mantenham o uso das suas medicações de base e não saiam de casa.” Pneumologista tira dúvidas sobre riscos para asmáticos devido ao novo coronavírus Também é preciso lembrar que doenças crônicas deixam o sistema imunológico mais enfraquecido. Por isso, os pacientes crônicos precisam manter a doença controlada seguindo os tratamentos de costume, além de estar em dias com as vacinas, especialmente as de pneumonia e gripe no caso das doenças respiratórias. O que é DPOC Também chamada de bronquite crônica e enfisema, Martinez explica que pessoas com DPOC têm muita dificuldade de respirar, principal sintoma da doença. “No início, a falta de ar é apenas para atividades físicas. Em fases avançadas, a falta de ar aparece mesmo quando a pessoa está em repouso.” Cansaço, tosse e catarro também são frequentes nesses pacientes, segundo o pneumologista da Faculdade de Medicina do ABC, Franco Martins. Saiba diferenciar doenças respiratórias dos sinais do coronavírus no organismo Os grupos mais afetados por DPOC são idosos, fumantes e ex-tabagistas. “A enfermidade também é mais comum em homens com mais de 40 anos”, aponta o professor. Em casos menos frequentes, pessoas que expostas por muito tempo a fumaça de fogão à lenha também costumam desenvolver a DPOC. Dificuldade de diagnóstico A dificuldade em diagnosticar a DPOC no Brasil está no fato das doentes não interpretarem os sintomas como uma doença. Coronavírus: veja perguntas e respostas “Muitos idosos atribuem o cansaço e falta de ar ao envelhecimento, não reconhecendo que estão, na verdade, doentes”, explica Martinez. “O mesmo acontece com fumantes, que atribuem a tosse e o pigarro aos cigarros, mas não à doença provocada pelos cigarros. Eles acreditam que quando pararem de fumar tudo vai voltar ao normal, o que não é verdade”, completa o diretor científico. Martins também acrescenta que “muitas cidades não têm acesso ao exame que identifica a DPOC, que é o exame de espirometria, também chamado de Prova de função pulmonar, o que dificulta ainda mais o diagnóstico dessa doença no Brasil.” Mortalidade do 2019 n-CoV junto a outras doenças Cido Gonçalves/G1 Veja também Idosos, diabéticos e fumantes fazem parte do grupo de risco; veja cuidados essenciais Initial plugin text
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