Unicamp sugere novo protocolo para detectar vírus da zika em placenta


Cientistas apontam que maior representatividade de amostras aumentaria chance de diagnóstico, e poderia esclarecer casos em que bebê nasce com microcefalia e cuja mãe não apresentou sintomas da infecção durante a gestação. Aedes aegypti fêmea é a transmissora da febre amarela, dengue, zika e chikungunya no Brasil Pixabay/Divulgação Uma pesquisa desenvolvida na Unicamp, em Campinas (SP), promete auxiliar no diagnóstico do vírus da zika em casos de bebês que nasceram com microcefalia e a mãe não apresentou sintomas da infecção durante a gestação. Em vez de analisarem uma única amostra da placenta, conforme orienta o protocolo do Ministério da Saúde, os cientistas estabeleceram um novo padrão com maior representatividade na coleta, e os resultados mostraram efetividade: em 14 amostras que testaram positivo, todas deram negativo no método atual. Diante do cenário, os autores do trabalho sugerem ao Ministério da Saúde uma readequação do protocolo, pelo menos em centros e cidades com maior estrutura médica, para um retrato mais fiel dos casos envolvendo o zika. De acordo com Maria Laura Costa do Nascimento, professora do departamento de Obstetrícia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, a testagem em placenta é essencial para o diagnóstico. "A placenta é um local de persistência viral, mesmo meses depois da infecção. Muitas vezes a paciente tem poucos sintomas clínicos, e a janela para colher no sangue é pequena, e podemos perder a oportunidade do diagnóstico nesse momento", explica. Coautor do trabalho, o professor José Luiz Proença Módena, do Instituto de Biologia da Unicamp, destaca que a ideia inicial era entender a dinâmica de infecção do vírus em diferentes regiões da placenta e eles viram que com uma maior amostragem, a capacidade de detecção do zika no órgão aumentou muito. "Foi estabelecido um protocolo de coleta sistemática das placentas, para que tivéssemos uma amostra de diferentes regiões da placenta, que é diferente do protocolo convencional, que coleta uma punção única, e divide para vários testes. Com isso, a gente acabou propondo esse novo protocolo, que vai além da coleta, mas também envolve maiores cuidados no armazenamento e envio", pontua. Vista aérea do campus da Unicamp, em Campinas (SP) Reprodução/EPTV Segundo Módena, enquanto no protocolo atual a amostra pode ser refrigerada e mantida assim até a análise, o grupo da Unicamp identificou que os resultados seriam melhor obtidos com o imediato congelamento das amostras e manutenção em freezer -80º C para a análise. "Uma das coisas que buscamos é garantir maior representatividade, porque a placenta é um órgão grande, com 400, 500 gramas. A outra é assegurar a qualidade do material, que inclui a coleta no menor tempo possível após o parto, o congelamento rápido e depois o processamento do material com qualidade", explica a professora da FCM. Novo protocolo Os cientistas apontam a eficácia do método, mas reconhecem as dificuldades de adoção dos critérios em todas as localidades brasileiras. Por isso, a proposta ao Ministério da Saúde seria para uma readequação, ou para que a proposta com coleta de mais amostras ocorra pelo menos em centros e cidades com maior estrutura, para melhor retrato e diagnósticos dos casos de zika. "Em nenhum momento nossa ideia é criar uma rixa com o Ministério da Saúde, mas a gente é a favor de garantir maior efetividade nos testes", conclui Maria Laura. O G1 entrou em contato com o Ministério da Saúde para comentar a proposta dos pesquisadores e a viabilidade de mudança no protocolo, mas a pasta não enviou as respostas até esta publicação. Veja mais notícias da região no G1 Campinas

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