O que a pandemia tem a ver com o Dia Mundial da Saúde Sexual


Brinquedos eróticos, falta de desejo e consumo de álcool: o que mudou durante a Covid-19 Além do medo e do aperto financeiro, o isolamento provocado pela pandemia do novo coronavírus dificultou a vida de quem não tinha um relacionamento estável e até separou casais que moravam em casas ou cidades diferentes. Como 4 de setembro é o Dia Mundial da Saúde Sexual – há uma entidade internacional, a WAS, dedicada à questão – nada mais apropriado que um simpósio sobre o tema “Prazer sexual em tempos de Covid-19”, realizado dia 20 pelo Instituto de Pesquisas Helena Marinho (IPHEM) e pela Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (Sbrash). Para a psicóloga e mestre em sexologia Sheila Reis, presidente da Sbrash, a quarentena levou a dois caminhos: a aproximação ou o afastamento dos casais, este último causado principalmente pela convivência excessiva. “Há ainda os que ficaram separados, cada um em sua casa. Assistimos a um aumento do consumo de produtos eróticos. As pessoas passaram a pesquisar e buscar conteúdos na internet, como filmes pornôs. Acredito que vamos colher frutos dessa situação, com mudanças do comportamento sexual e a quebra de tabus”, analisou. Sexo na quarentena: possibilidade de novas descobertas Smblake por Pixabay De acordo com o portal Mercado Erótico, foram vendidos um milhão de produtos eróticos de março a julho, um volume 50% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Casais na faixa entre os 25 e 34 anos respondem por 27.8% das vendas, enquanto os solteiros representam quase 14% dos compradores. No entanto, Sheila Reis enfatizou que o desejo é individual e não pode ser padronizado: “as pessoas também podem não manifestar nenhum desejo nesse período. Ninguém deve se sentir obrigado a querer sexo”. Cristina Werner, delegada estadual da Sbrash no Rio de Janeiro, mestre em psicologia clínica pela PUC-Rio e terapeuta de casal e família, acrescentou que as agências de saúde sexual no mundo inclusive incentivaram a prática de masturbação durante a quarentena, como uma forma segura de alcançar o prazer. Fátima Guedes, médica com doutorado e pós-doutorado em alcoologia pela Universidade do Porto, tratou de outro assunto delicado: sexualidade e o uso do álcool na pandemia. “Normalmente se busca a bebida para dar mais intensidade ao prazer, tornar a vida sexual mais atraente e superar sentimentos de inadequação, mas o consumo em excesso leva à má performance. Os homens devem saber que o álcool reduz a quantidade de água no organismo, o que afeta a circulação de sangue na região íntima e, consequentemente, a ereção. E também aumenta o nível de angiotensina, hormônio associado à ocorrência de disfunção erétil”, alertou. No caso das mulheres, há prejuízo da lubrificação, podendo ocasionar desconforto, dor e lesões durante a relação. Dados divulgados em maio pela Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead) mostraram um crescimento de 38% nas vendas de bebidas alcoólicas desde o começo da quarentena.

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