Americana lança livro polêmico contra vida ‘medicalizada’


Autora deixou de se submeter a check-ups e tirou as consultas médicas da agenda Conforme a geração baby boomer, nascida depois da 2ª Guerra Mundial, vai envelhecendo, depara-se com escolhas que seus pais e avós não tiveram. Muitos guardam lembranças amargas de mortes sofridas de entes queridos e não pretendem passar pelo mesmo calvário. A jornalista e escritora norte-americana Barbara Ehrenreich acabou de lançar “Natural causes” (“Causas naturais”), com provocações sobre como levar o fim da vida. Há alguns anos ela deixou de se submeter a check-ups e limpou a agenda das consultas médicas. Como explica no livro, deu-se conta de que, aos 76 anos, já é “velha o suficiente para morrer” e, portanto, não havia razão para ter uma existência “medicalizada”: o tempo que lhe resta é precioso demais para ser gasto em salas de espera de consultórios. Barbara Ehrenreich acaba de lançar “Natural causes” (“Causas naturais”) Christopher Lydon / radioopensource.org Autora de mais de 20 livros, Barbara não é adepta de nenhuma seita hippie – inclusive, submeteu-se em 2000 a tratamento quando foi diagnosticada com câncer de mama, mas afirma que não enfrentaria novas sessões de quimioterapia. Com um PhD em imunologia celular, diz que a “ilusão de controle” criada pela indústria da saúde a aborrece enormemente, assim como os livros sobre envelhecimento bem-sucedido. A escritora também desconstrói o conceito de que o corpo é uma máquina bem azeitada, preferindo definir nosso organismo como um campo de batalhas. O que ela quer pôr em discussão é ao mesmo tempo simples e complexo: não adianta entrar em modo de negação, porque não somos senhores da situação e nosso tempo é finito. Em outra frente para reflexão, a revista “The Economist”, em sua última edição, registrou que o movimento para garantir o direito à morte assistida vem ganhando consistência nos Estados Unidos. O Havaí tornou-se o sétimo estado americano a aprovar lei que garante a doentes terminais a assistência de um médico para morrer. Em 1997, Oregon foi o primeiro a legislar sobre o tema, sendo seguido por Califórnia, Washington, Vermont, Colorado e Washington DC. Em todos, o procedimento se assemelha: inclui dois médicos atestando que o paciente com no máximo mais seis meses de vida, e em pleno gozo de suas faculdades mentais, pode receber a medicação letal. Outros 24 estados consideram votar lei semelhante ainda este ano, embora em 27 a proposta não tenha ido adiante em 2017. Normalmente, a substância utilizada é o secobarbital, um barbitúrico que induz ao sono e depois à morte, paralisando o sistema nervoso. São prescritas cem cápsulas que devem ser abertas uma a uma e dissolvidas em líquido. O paciente tem que tomar a medicação sem ajuda, mas pode escolher quando e onde fazê-lo. Os números não são altos: ano passado, foram 218 casos no Oregon e 111 na Califórnia. De acordo com a entidade Death and Dignity (Morte e Dignidade), 90% escolhem morrer em casa. Há uma mudança de valores em curso. Segundo a “Economist”, pesquisa do Gallup realizada em 1947 apontava que apenas 37% apoiavam a morte assistida. Desde 1990, esse percentual subiu para algo entre 64% e 75%.

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